Nos últimos dias, o noroeste da Síria foi palco de intensos bombardeios realizados por forças aéreas russas e sírias. A operação marcou o maior ataque aéreo na região desde 2020, refletindo uma escalada significativa no conflito que há mais de uma década devasta o país. A ofensiva foi direcionada a posições ocupadas por grupos rebeldes, liderados pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um ex-braço da Al-Qaeda, que recentemente conquistou avanços estratégicos em Aleppo.
Conflito Após Avanços Rebeldes
Grupos insurgentes, liderados pelo HTS, tomaram áreas importantes ao redor de Aleppo, incluindo os vilarejos de Nubl e Zahra, conhecidos pela presença de milícias pró-iranianas, como o Hezbollah. Além disso, o aeroporto de al-Nayrab, usado por forças iranianas, também foi atacado. A resposta síria, apoiada pela Rússia, teve como objetivo conter essa ofensiva, que violou zonas de desescalonamento definidas em acordos anteriores.
O governo sírio alegou que os ataques foram necessários para restaurar a estabilidade na região, enquanto os insurgentes afirmam que suas ações são uma reação a bombardeios constantes contra civis em Idlib. Grupos humanitários, como os Capacetes Brancos, informaram que os bombardeios recentes causaram a morte de pelo menos 16 civis, incluindo crianças, aumentando o número de vítimas para mais de 80 neste ano.
Interesses Regionais e Geopolíticos
A Turquia, que apoia algumas facções rebeldes, tem observado a escalada com preocupação. Autoridades turcas afirmam que a ofensiva rebelde permanece dentro dos limites das zonas de redução de tensão acordadas anteriormente. No entanto, a intervenção sírio-russa ameaça ampliar o conflito, arrastando ainda mais os atores internacionais envolvidos.
A Rússia, principal aliada do presidente Bashar al-Assad, mantém uma posição firme ao lado do governo sírio, utilizando o episódio como uma oportunidade para reforçar sua influência regional. Por outro lado, o Irã, parceiro próximo de Assad, continua a fornecer suporte militar por meio de milícias locais, complicando ainda mais o cenário.
Impacto Humanitário
Conforme a violência se intensifica, as condições humanitárias se deterioram rapidamente. A província de Idlib, último grande enclave rebelde, abriga milhões de civis deslocados. A escalada no uso de força aérea agrava o deslocamento e o sofrimento de populações já vulneráveis, com relatos de novos fluxos de refugiados para regiões próximas.
Cenário Volátil
Especialistas alertam que a retomada de confrontos dessa magnitude pode comprometer os frágeis acordos de cessar-fogo mediado por potências como Rússia e Turquia. A situação ainda suscita preocupações sobre uma possível ampliação do conflito, dado o envolvimento de grupos armados e estados estrangeiros com interesses divergentes.
Além do mais, a complexidade do conflito sírio torna improvável uma resolução a curto prazo, com o país dividido entre áreas controladas pelo governo, rebeldes e forças curdas apoiadas pelos Estados Unidos.