O preço da carne no Brasil disparou nos últimos meses, afetando significativamente o orçamento das famílias. Conforme dados do IBGE, a carne bovina teve um aumento acumulado de mais de 15% em 2024. A alta reflete fatores como seca, aumento nos custos de produção e forte demanda no mercado externo.
Atualmente, açougues buscam soluções para manter as vendas. Uma estratégia recente tem sido oferecer parcelamento. Aliás, essa prática antes era limitada a bens duráveis, mas agora alcança itens de consumo diário. Com efeito, consumidores podem dividir o valor da carne no cartão de crédito em até seis vezes.
Segundo dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), o Brasil exporta cerca de 30% da carne bovina produzida. Essa demanda externa mantém os preços elevados no mercado interno. Em contraste, o poder de compra do consumidor brasileiro encolheu devido à inflação e ao desemprego.
O açougueiro José da Silva, de São Paulo, relata que as vendas caíram 20% nos últimos meses. “Decidimos adotar o parcelamento para facilitar o acesso dos clientes”, afirmou. Essa prática, embora inovadora para o setor, tem se mostrado eficaz para atrair consumidores.
Além disso, muitos consumidores recorrem a cortes mais baratos, como acém e músculo, ou até mesmo substituem carne bovina por frango e porco. De acordo com o Dieese, o preço do frango aumentou 10%, mas ainda é mais acessível do que a carne bovina.
Entretanto, especialistas alertam para o impacto econômico da alta no preço da carne. “Esse aumento reflete a falta de políticas públicas voltadas à cadeia produtiva”, explica a economista Maria Ferreira. “É preciso equilibrar exportação e oferta interna para garantir acessibilidade.”
O cenário também pressiona restaurantes e churrascarias. Muitos estabelecimentos estão repassando parte do custo para o consumidor, ajustando preços nos cardápios. Contudo, isso pode reduzir a frequência de clientes, impactando a receita do setor.
De fato, a alta no preço da carne é um desafio para produtores, comerciantes e consumidores. A situação exige estratégias criativas para driblar os impactos financeiros.
A longo prazo, iniciativas como incentivos à produção, redução de impostos e equilíbrio no comércio exterior podem ajudar a estabilizar os preços. Enquanto isso, o parcelamento surge como uma alternativa viável para consumidores que não abrem mão da carne em sua dieta.