A proposta de extinguir a jornada de trabalho 6×1, defendida pelo Movimento Vida Além do Trabalho, tem gerado um forte debate no Brasil. A medida opõe sindicatos de trabalhadores a entidades patronais, com visões divergentes sobre os impactos econômicos e sociais.
Na última semana, a formalização da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara dos Deputados, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), intensificou as discussões. A proposta visa eliminar a jornada de seis dias de trabalho e um de descanso, que é comum em vários setores produtivos.
Argumentos a favor da mudança
Organizações trabalhistas, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), defendem a extinção do modelo 6×1. A CUT argumenta que a medida visa a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, sem perda salarial. Segundo a entidade, a redução da jornada é essencial para garantir o bem-estar físico e psicológico dos trabalhadores.
A Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT-SP também se posiciona a favor. A entidade cita exemplos de empresas que já adotaram jornadas reduzidas sem prejuízos, como os acordos realizados no ABC paulista e em cidades como Sorocaba e Pindamonhangaba.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) reforça que a jornada 6×1 impacta negativamente a saúde mental dos trabalhadores, além de prejudicar o convívio familiar e social. Para a UGT, essa desconexão do trabalhador pode gerar estresse e problemas psicológicos, afetando toda a sociedade.
Argumentos contra a proposta
Por outro lado, entidades patronais expressam preocupações sobre os efeitos econômicos da proposta. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) argumenta que a mudança seria prejudicial para as pequenas e médias empresas. Segundo a Fecomércio, essas empresas não teriam como reduzir a jornada sem afetar os salários, o que poderia resultar em demissões.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reforça a importância da negociação coletiva entre empregadores e empregados. Para a Fiesp, a medida não leva em consideração as especificidades de cada setor e pode comprometer a sustentabilidade das empresas.
A Associação Comercial de São Paulo também é contra a PEC, afirmando que a mudança pode aumentar os custos operacionais das empresas, o que, em última instância, seria repassado para os consumidores. Segundo a associação, isso causaria uma alta nos preços e afetaria o poder de compra dos trabalhadores.
Impactos para o futuro da jornada 6×1 de trabalho no Brasil
O debate sobre a jornada 6×1 continua a dividir opiniões no Brasil, com argumentos sólidos de ambos os lados. A proposta segue em discussão no Congresso, enquanto o país observa de perto as possíveis consequências dessa mudança para a economia e a qualidade de vida dos trabalhadores.